quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Conheça um pouco da história da imigração polonesa no Município

HISTÓRICO

Localizada as margens do Rio São José, Águia Branca era uma região coberta de florestas, habitadas por índios Botocudos.
 
Estes foram os primeiros habitantes desta terra: os índios Botocudos
 
 Os primeiros a residir as matas que rodeavam o rio São José, onde hoje é localizado o Município de Águia Branca, foram os Rodrigues, sendo pioneiros Antonio Rodrigues da Silva e Teotônio Pereira Vasconcelos.
A viagem para o vale do Rio São José, ao norte do Rio Doce, foi divulgada na Polônia através de um folheto ilustrado.
O desejo de adquirir terras virgens por baixos preços fez muitas famílias polonesas, que eram agricultores na Polônia, virem para o Brasil na esperança de uma vida mais confortável, já que o período pós-guerra (1º Guerra Mundial ) era muito difícil para a Polônia que, pela sua localização (Centro da Europa), era quase que sempre devastada.
 
Através de um contrato, datado de 06 de outubro de 1928, lavrado no livro 25, folhas 30 a 35, no Cartório Feitos da Fazenda, em Vitória, denominado: CONTRACTO DE COLONIZAÇÃO ENTRE O ESTADO DO ESPIRITO SANTO E A SOCIEDADE DE COLONIZAÇÃO EM VARSÓVIA – ES, a sociedade de colonização de Varsóvia, por meio de seu diretor Boleslaw Zilincznski, viabilizou a vinda das famílias polonesas que ainda na Polônia, pagavam parte da dívida que seria contraída pela aquisição de um pedaço de terra.
 
Acertada a documentação, as famílias eram embarcadas na 2ª classe dos navios, geralmente pelos portos italianos e, após uma viagem que durava em média 25 dias, desembarcavam no Rio de Janeiro; isso, no ano de 1929. Do Rio de Janeiro, numa embarcação menor seguindo a linha costeira, vinham para Vitória. A partir de Vitória, seguiam de trem de ferro para Colatina. A seguir, nas carrocerias de caminhões, eram levados para um núcleo chamado de Aldeamento. Era um aglomerado de barracões de palha de coco localizado perto de Montes Claros (Braço do Sul, hoje Município de São Domingos), nome dado ao local pelos poloneses, em homenagem à Padroeira da Polônia Matko Boska Centochowska, que traduzindo para a língua portuguesa fica “Nossa Senhora de Montes Claros”.
De Montes Claros para Águia Branca, tropas de mulas traziam as bagagens e as crianças
 
Neste local as famílias eram acomodadas para um descanso e, posteriormente seguiram para Águia Branca, nome dado ao local em homenagem ao símbolo da Polônia uma águia branca (ORZEL BIALY) na língua polonesa.
Centro de Águia Branca (1929/1930)
 
Dos barracões, à noite, contam os imigrantes, podiam ser ouvidos os cantos e as danças dos índios botocudos que habitavam a região. Na manhã seguinte era hora da partida. O meio de transporte utilizado eram as tropas de burros, já que não havia estradas. As crianças menores eram acomodadas em caixotes afixados nas cangalhas dos animais; as maiores e os adultos seguiam a pé pelos mais ou menos 25 km que separava o aldeamento de Montes Claros do acampamento de Águia Branca. 
 
Após a cansativa caminhada, chegaram ao destino. No local, havia barracões destinados a receber as levas de imigrantes e uma casa onde residia o engenheiro Dr. Walery Koszarowiski.

Esse senhor conquistou o respeito e admiração de todos os imigrantes, pois contribuía para que a vida deles aqui fosse menos sofrida. Após uma vida de luta, aqui faleceu em 1952 e encontra-se sepultado no cemitério dos poloneses.
Dr. Waleri Koszarowiski: um dos grandes responsáveis pela imigração polonesa em Águia Branca
 
Assim que chegavam, cada família recebia o pedaço de terra pelo qual já havia feito parte do pagamento, ainda na Polônia.
Os agrimensores faziam a medida do lote para cada família de imigrante 
 
 
Reza no contrato original que ao chegar aqui, cada família encontraria uma vila com telégrafo, escola, comércio e que receberia um lote com casa de alvenaria.
Nada foi cumprido. Encontraram mata virgem, repleta de animais selvagens e doenças tropicais e nem sequer uma barraca para morar. A decepção foi total.
A região era repleta de animais selvagens. Os negros ajudaram os poloneses no desbravamento desta terra
Quem tinha dinheiro para voltar, se dirigiu para o Sul do Brasil onde a imigração já datava de 1887. As famílias mais pobres, sem recursos, tiveram que ficar. Faziam derrubadas, construíam uma barraca com tronco de palmito e palhas de coco e ali se abrigavam.
 
Casas dos primeiros imigrantes

Sem conhecer o idioma, os costumes e a cultura local, o sofrimento marcou a vida das primeiras famílias que chegavam. Como eram pessoas de muita fé, conseguiram ir superando as dificuldades.
Imigrantes poloneses fazendo derrubada das matas para construírem suas casas 
 
Alguns chegaram a passar fome. O sal, o trigo e o querosene eram escassos. Para consegui-los, os homens caminhavam a pé até Colatina (82 km) e, vendendo pele de animais, conseguiam o dinheiro para comprar os produtos. Como não podiam pagar hotel, dormiam debaixo da ponte e, na manhã seguinte, faziam a viagem de volta.
Os imigrantes usavam o engenho para fazer o açúcar
 
Para manter viva a fé, sendo todos católicos, construíram a 1º Igreja, com madeira. Periodicamente recebiam a visita dos padres poloneses que faziam casamentos e batizados.


Com o passar dos anos as famílias foram se estruturando, tendo seus filhos e netos. A chegada de outras etnias fez com que os descendentes dos poloneses se unissem em casamento e assim a mistura de muitas raças faz a população do município de Águia Branca.
 
 
 Imigrantes de outras etnias
 
 
 
Alguns momentos que merecem ser guardados:
Escola primária onde se estudava o idioma polonês - década de 30

Filhos dos imigrantes na escola - década de 30
 
Visita do Governador Bley a Águia Branca - década de 40

Sr. Tadeuz Krok: piloto da Aviação Polonesa, ambientalista e taxidermista
 
 
A caça era uma das formas que os imigrantes encontraram para suprir a falta de alimentos
 
Srª Bogumila Ignatowiska em sua venda, no início da colonização
 
Inauguração do Cine Estrela, em São Gabriel da Palha (pertencia à Família Glazar)


"Um povo sem memória
é um povo sem história.
E um povo sem história
está fadado a cometer,
no presente e no futuro,
os mesmos erros do passado."
                                            
 Emília Viotti da Costa, historiadora brasileira

 
 
 
 
 
 

 




 
 
 

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