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de Novembro: Festa no cemitério da Associação Polonesa de Águia Branca
Calma!
É festa do encontro, da
memória, da saudade.
Em nenhum outro dia, em
Águia Branca, polônicos de tantas partes do Brasil se encontram de maneira tão
expressiva.
Na semana que antecede
este dia é um corre-corre danado.
- É hora de preparar os
túmulos para que no dia de finados estejam bem bonitos, pois nossos
antepassados merecem e vem muita gente de vários lugares!
- Será que vem fulano?
Será que vem sicrano?
É o que se escuta dentre
aqueles que, com vassouras e rodos nas mãos, capricham na limpeza dos túmulos
de seus parentes e até daqueles túmulos que parecem abandonados. Nenhum pode
ficar sujo.
Chega o dia! Logo cedo,
entre cinco e seis horas da manhã, morro acima, forma-se uma procissão de
mulheres, homens e crianças. As mãos estão cheias de vasos de flores coloridas,
que foram escolhidas dentre as mais belas; coroas e velas completam o cenário.
É hora de arrumar tudo logo cedo para que, na hora da missa e da bênção dos túmulos,
esteja tudo pronto.
Aos poucos, o que
parecia um lugar feio, cinza, vai se tornando um jardim, muito bem cuidado.
Todos os detalhes foram lembrados: a vela precisa ficar acesa o dia todo; as
flores precisam ficar bem dispostas, mas não podem cobrir o nome do falecido...
As horas passam. Muitas
pessoas vão chegando.
Ao contrário de
antigamente, onde a maioria falava em polonês, hoje se escuta um tímido dziem dobry, raramente seguidos de um Jak sie
masz. Mas o sorriso e o abraço que se seguem confirmam que há algo mais do
que um simples e frio encontro: é o sangue que fala mais alto! São as raízes e a
mesma história vivida por eles e por seus antepassados em Águia Branca que
nesta hora vem à tona!
É tempo de rememorar a
vida, que não acabou com a morte daqueles que ali estão sepultados, mas teve
continuidade naqueles que vieram deles.
E assim, aos poucos,
vão chegando carros e mais carros do Rio de Janeiro, da Bahia, de Minas Gerais e
de tantos outros lugares do Espirito Santo.
O local onde está localizada
a Capela o Cemitério dos Poloneses vai se tornado, sem demagogia, um pedaço da
Polônia em Águia Branca, mesmo sabendo que a grande maioria dos que ali estão
não falam polonês, mas tem o mais importante: o orgulho de serem descendentes
de um povo que sem medo e com muita bravura fundaram este lugar.
Também faz parte desta
grande família aqueles que, pela força do destino, se tornaram polônicos, ora
porque se casaram ou foram adotados por estes.
O depoimento que segue,
da Luiza Lacerda, confirma:
-
Não sou descendente de poloneses, porém fui adotada pela família Jacentick que
mantém essa cultura viva e sempre me levou ao cemitério em finados, sempre presente
nas reuniões da Associação. Criei um carinho e admiração pela cultura polaca e
hoje sou apaixonada! Luiz Carlos Cuerci Fedeszen, parabéns pelo trabalho
desenvolvido e desde já me coloco à disposição para ajudar a manter essa
cultura viva!!! Parabéns, e que Deus abençoe esse povo, isso é Águia Branca,
terra que a gente tanto ama!
É por isso que digo sem
ressalvas que no Dia de Finados tem Festa no Cemitério da Associação Polonesa
de Águia Branca.
Duvida?
Venha conferir!!
(Texto escrito por Luis Carlos Cuerci Fedeszen)